quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Os agentes da História - parte1: Truman, Castro e Gorbachev no tabuleiro da Guerra Fria por Marcos Arêas Coimbra

Pensar o papel de Truman, Castro e Gorbachev na Guerra Fria é um interessante exercício para analisar algumas linhas gerais dos diferentes períodos da Guerra Fria.
Truman foi presidente dos EUA logo no início do período posterior à II Guerra Mundial e viveu momentos decisivos para a configuração do quadro político e estratégico das relações entre as duas nascentes superpotências hegemônicas. Isto porque a URSS dirigida por Stalin avançava em seu programa de dominar os países do leste Europeu, formando uma ampla zona de controle e influência, demonstrando que o internacionalismo inerente ao pensamento marxista, para Stalin, não era apenas um programa de solidariedade entre as massas proletárias, mas uma política de Estado, com nítidos traços imperialistas, e que não pararia até que alguma medida fosse tomada.
Os EUA, apesar de seu discurso de conotações liberais e democráticas, também pensavam em expandir ao máximo sua influência, que na realidade estava em consonância com sua postura capitalista de expansão de mercado, facilmente percebida na chamada Doutrina Truman. Este ato político expressa bem a tensão que se configurava, pois os soviéticos, após a explodir, com sucesso, a sua primeira bomba nuclear, tornavam possível uma guerra de proporções catastróficas inimagináveis.
Para Truman os EUA seriam responsáveis pela manutenção e ampliação da democracia no mundo, como um espécie de polícia mundial, proibindo o avanço do regime comunista que para o discurso ideológico norte-americano representava uma ditadura de horrendas consequências para os povos dominados.
Naturalmente que esta postura batia de frente com o avanço do comunismo no mundo, basta lembrarmos que outros processos revolucionários estavam em curso como o da China. Um ato bastante eficaz e de considerável sucesso para a política dos EUA, foi o Plano Marshall, onde a Europa ocidental seria reconstruída com maciço apoio financeiro americano e acabaria por ser tornar um aliado incondicional e parceiro econômico, onde os EUA poderiam vender seus produtos manufaturados com um verdadeiro caráter monopolista.
As tensões entre as duas potências foram crescendo, a Guerra Fria tomando cada vez mais um caráter bélico, até que Fidel Castro assume o poder em Cuba, derrubando o infame ditador Batista e implementando um regime socialista. Ocorre que os EUA tentaram invadir a ilha e não tiveram sucesso, embargando então o regime cubano com uma proibição de transações econômicas que praticamente não deixaram outra opção, ao já socialista Castro, que senão aliar-se aos soviéticos. Estes então passaram a subsidiar o regime cubano e ter uma zona de profunda influência no "quintal" norte-americano.
O momento de maior crise foi quando os EUA descobriram que os comunistas soviéticos estavam implantando bases de mísseis nucleares em Cuba. Isto gerou uma enorme crise e um estado de alerta que quase levou a uma hecatombe atômica.
Percebendo o absurdo da situação, soviéticos e americanos acabaram por firmar um acordo, acordo este que acabou por determinar uma nova etapa na Guerra Fria, a chamada Détente, onde os dois países passaram a buscar maiores entendimentos, compreendendo que um embate entre os dois acabaria em extermínio de suas civilizações em função do poderio militar montado por ambos. Acordos como o SALT I e II, são emblemáticos exemplos desta tentativa de apaziguamento relativo.
Contudo a situação piorará novamente após 1979, sobretudo com os posicionamentos políticos do conservador Ronald Reagan. A malfadada invasão soviética do Afeganistão gerou um impacto político bastante negativo e os EUA retomaram a corrida armamentista, agora com feições megalomaníacas como o programa " Guerra nas Estrelas".
Após a morte de Brejnev e de seus sucessores, homens já idosos, que não governaram mais de poucos anos, sobe ao poder Gorbachev, político de uma geração que possuía uma formação mais ampla, posterior a Stalin e, portanto, com uma capacidade perceptiva maior dos reais problemas da URSS. No entendimento deste político somente um processo amplo de renovação econômica, a Perestroika, e política, a Glasnost seriam capazes de salvar a União Soviética de seu atraso, atraso este que era escondido devido às proibições de qualquer informação dos problemas reais do império comunista soviético.
O projeto não conseguiu atingir seus objetivos e as dificuldades enfrentadas pelo regime chegaria a um ponto em que a sua manutenção tornava-se insustentável. No final das contas a URSS chega ao seu desmantelamento em 1991. O sonho do socialismo caia com a queda do socialismo real e Gorbachev perderia a sua luta por uma opção mitigada que salvasse o comunismo, reformando-o por dentro.

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