quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O imperialismo pode cair? : Vietnã e Afeganistão - Dois Estudos de Caso por Marcos Arêas Coimbra.

As guerras do Vietnã e do Afeganistão são marcantes na história do século XX, e enquanto eventos da chamada Guerra Fria, devido ao fato de que as duas superpotências implicadas no processo bélico, e que repartiam a hegemonia e o controle do poder mundial, foram derrotadas por forças bem inferiores se olharmos superficialmente ambos os fenômenos.
A guerra do Vietnã ocorreu em um período onde as tensões estavam de certo modo controladas, no sentido de uma grande guerra de proporções nucleares entre as duas potências, mas acarretou uma enorme repercussão e teve influência marcante nas estruturas tanto internas dos EUA, como na repartição do poder em nível mundial.
O Vietnã era um país sem expressão no balanço do poder mundial, mas quando o seu território acabou dividido em dois, ficando o norte sob o comando de um regime comunista auxiliado pela URSS, invadindo o sul posteriormente, acabou por entrar para a história como um dos mais célebres conflitos do século passado.
Isto porque o sul não compartilhava os ideais do norte, preferindo continuar uma economia liberal e passou a apresentar resistência armada ao norte. Com o avanço deste último as atenções do ocidente capitalista foram alarmadas, sobretudo pelo risco de uma proliferação para todo o sudeste asiático da influência comunista.
Deste modo os EUA enviaram tropas, que chegaram a quase meio milhão de soldados no final da guerra para apoiar o sul. A política militar americana foi altamente agressiva com o uso de explosivos e armas químicas, sobretudo em alvos civis. Apesar do argumento ideológico da luta contra o terror comunista ainda ser um fundamento ideológico de legitimidade bastante forte, as cenas transmitidas para todo o mundo iniciaram um processo de contestação mordaz das razões e causas da guerra. Cabe ressaltar que a própria sociedade norte-americana passava a suspeitar da validade do conflito, em função das numeráveis baixa de jovens americanos.
O povo vietnamita não se rendeu, e o partido comunista, liderado por Ho Chi Min, do norte usou a tática de guerra de guerrilha aproveitando o terreno bastante difícil para o exército americano.
Conforme as ofensivas americanas cada vez mais cruéis não impediam o avanço do norte vietcongue, ou ao menos não conseguiam dar cabo das pesadas perdas de soldados, a situação pesara até que o governo do presidente Nixon foi obrigado a negociar com o norte. Os bombardeios continuaram mas a derrota se configurava cada vez mais clara no horizonte. Para a batalha ideológica da dicotomia inerente à Guerra Fria, o saldo tornava-se cada vez mais deficitário para os EUA. Destarte, admitindo os erros de logística e cálculo, pois esperavam um conflito rápido e eficiente, os norte-americanos retiraram sua tropas deixando o sul a mercê da invasão comunista e a implantação de um regime coligado aos soviéticos.
O caso do Afeganistão não é de todo diferente se aceitarmos um olhar mais amplo. O Afeganistão sofreu um golpe militar e teve a sua monarquia islâmica derrubada por um grupo ligado ao ideal marxista e simpático aos soviéticos.
Ocorre que uma resistência foi organizada por partidários islâmicos que iniciaram uma guerrilha, também fazendo jus do difícil terreno montanhoso do país. Prevendo a possível complicação do cenário e de olho nas riquezas naturais afegãs a URSS invadiu o país fronteiriço acreditando em uma rápida vitória.
Contudo, com apoio dos EUA, que entendiam que este ato representava um movimento expansionista claro dos soviéticos, passaram a apoiar os rebeldes com o envio de armas e mísseis. A invasão acabou se tornando um pesado fardo para os comunistas que já estavam enfraquecidos economicamente e demonstravam a ineficiência de seu regime.
Por fim os soviéticos acabaram por aceitar a derrota e retiraram as suas tropas antes que o estrago para a sua "imagem" ficasse ainda maior.
Diante de todo o exposto podemos perceber que ambos os conflitos foram marcados por uma má compreensão das dificuldades do projeto de invasão e da necessidade de uma melhor organização da logística militar, por parte das duas superpotências, e por uma participação das mesma, mediante sobretudo apoio material às partes beligerantes, evitando assim que um conflito direto entre os dois blocos acabassem por utilizar seus arsenais militares.

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