quarta-feira, 20 de julho de 2011

AS REVOLUÇÕES E O SURGIMENTO DA ARTE MODERNA. Episódio1 - A locomotiva e a modernidade por Marcos Arêas Coimbra.




O século XVIII é conhecido como -  antes de mais nada -  aquele em que as estruturas do chamado Antigo Regime, modo como a sociedade ocidental européia havia se organizado desde os fins da Idade Média, desmoronou, ou ao menos, iniciou o seu processo de decadência para se extinguir quase que completamente no século XX.

Com as inúmeras revoluções, que ocorriam em todas as áreas da existência humana, política, economia, ciência, transformaram-se abruptamente, fazendo com que os homens deste tempo sofressem um poderoso choque, tanto no que diz respeito à euforia como , passada esta, uma certa melancolia.

O movimento filosófico-estético conhecido como Romantismo é fruto destas mudanças sentidas intensamente pelos povos e indivíduos que as viviam e experimentavam. O Romantismo será analisado posteriormente.

O objetivo aqui é propor uma possibilidade de análise, em que a chamada arte moderna pode ser entendida como fruto destas transformações, onde a sensibilidade dos contemporâneos aos eventos, atingida fortemente pelos acontecimentos, irá responder com manifestações culturais inauditas, ou seja, inéditas.

Utilizaremos a invenção da locomotiva como um exemplo bastante claro deste fenômeno. Imaginemos um homem do século XIX que nunca se locomoveu mais rápido do que a velocidade de um cavalo. Imagine este homem dentro de uma locomotiva pela primeira vez, observando a paisagem em uma velocidade nunca antes experimentado pelos seus olhos e até pela civilização mundial

Bom este homem é um pintor e como tal está com seus canais perceptivos sempre ligados. Ele começa a ver os objetos de um modo totalmente diferente, pois a velocidade do trem faz com que a imagem da realidade fique destorcida. É como vemos o mundo como quando estamos em carro no mundo de hoje, ou algo parecido.

Pois bem!!! Este pintor, que provavelmente foi um dos primeiros pintores modernos, não via mais a realidade como antes, e assim sua pintura não podia representar o mundo como faziam os pintores de antigamente. Para ser verdadeiro com os seus sentimentos algo deveria mudar. E mudou.

Foi assim que os pintores começaram a projetar em sua arte não mais uma pretensa tentativa de copiar a realidade, tal qual uma fotografia, mas buscavam definir quel impressão eles passaram a ter do mundo. Daí o surgimento dos primeiros revolucionários como Delacroix, Courbet, Manet, Cezzane, Monet etc, que acabaram sendo conhecidos como românticos, realistas e impressionistas.

Todo o impacto que o ocidente sofreu com a Revolução Industrial, com o vertiginoso crescimento das cidades e o aparecimento das máquinas no cotidiano dos cidadãos, gerou nos homens de sua época a necessidade de repensar, mesmo que de modo muitas vezes inconsciente, sua própria existência e seus modos de defini-la.

O exemplo da locomotiva é somente um convite para pensarmos os objetos e as idéias de nosso próprio tempo não como surgidos do nada, mas como produtos de todo um processo que nos envolve e em que estamos envolvidos.

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