quarta-feira, 20 de julho de 2011

A AFRICA MEDIEVAL - O IMPÉRIO DA ETIOPIA por Marcos Arêas Coimbra.


A Etiópia durante o período que usualmente chamamos de Idade Média, fazia parte de um vasto império cujo nome, apesar de algumas variações no tempo, foi na sua maior parte o de "Império Axum".

A região em que se situava este Império abarcava o que hoje conhecemos como a área nordeste do atual continente africano, mais particularmente a Eritréia e a Etiópia.

Partes mais interiorizadas, sobretudo no sul do Egito também fizeram parte do Império axumita durante seus períodos de maior prosperidade.

A economia girava em torno do comércio de produtos que vinham das regiões mais remotas da Ásia, como a Índia, e que eram vendidos frequentemente no mar mediterrâneo ou vermelho para mercadores, cujo destino na maior parte das vezes era o ocidente.

Na realidade este comércio foi fruto de grandes disputas entre diversas nações e quem o controlava geralmente se tornava poderoso o suficiente para "dar as cartas" nas relações de poder.

Inicialmente os axumitas disputaram com os persas sassânidas, cujo interesse maior era a interrupção do comércio pelo mar vermelho para obrigar os mercadores a passar pela área iraniana a qual controlavam.

Havia também o Império Bizantino, que ainda mantinha uma influência e controle bastante razoável de portos e cidades importantes na região que ligava o ocidente ao oriente.

Por fim irá somar-se a este processo de luta pela hegemonia o Islã, que irá crescer em poder e riqueza até torna-se a força dominante em boa parte do mundo civilizado.

A estrutura política de Axum é algo que, para quem desconhece a existência do Império, traz a tona uma grande surpresa, posto ser organizado em núcleos de poder, com um soberano principal, o Rei, o negashi, assemelhando-se muito às monarquias ocidentais.

Grandes palácios eram sedes de cortes cujo luxo em nada devia para o mundo ocidental, muito pelo contrário, em certos momentos nos arriscamos dizer que eram até mais dinâmicas e magníficas.

Havia um sistema de hierarquização social muito parecido com a vassalagem feudal, onde uma estratificação rígida separava diferentes ordens, com ênfase para institutos como a escravidão, a servidão, exércitos profissionais e sacerdotes bem próximos da figura régia.

Deste modo os institutos sociais alternavam-se conforme a orientação se inclinava para uma centralização monárquica ou para uma descentralização nos momentos de crise.

Várias foram as disputas entre diferentes linhagens pelo poder régio e o problema da sucessão dinástica era catalisador de grandes guerras.

A religião era a cristã.

Um cristianismo ligado ao patriarcado copta egípcio, cujo centro da sacralidade residia nas mãos de um bispo, o abuná, com atribuições semelhantes a dos bispos da igreja do ocidente.

Este era escolhido pelo imperador cristão copta do Egito e mantinha assim um processo de intensa catequese, sobretudo nas incursões ao sul, geralmente feitas com o intuito de ocupar territórios, aumentando as áreas de cultivo e os braços para a luta e serviço nos palácios reais.

É notória hoje a grandeza e o esplendor das igrejas esculpidas diretamente na pedra crua, e salientemos, de cima para baixo, ou seja, no chão.

A que mais se destacou, entre as onze de que se têm notícia, foi a igreja de São José, onde até hoje acredita-se, segundo a lenda local, estar guardada a "arca da aliança".

Um comentário:

  1. Cara, exatamente isso, gostoso de ler para todos, e se não for também para estabelecer pontes com o presente, não para anacronismos, mas para suscitar debates, para que serve a História.

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